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Archive for junho \30\-03:00 2009

por Edson Luiz Spenthof

Duas premissas equivocadas constituíram a base de argumentação do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo, do Ministério Público Federal e de oito ministros do STF para derrubar a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Partindo de premissa errada, a conclusão só poderia repetir o erro.

No nosso recorte de análise não entra o argumento de que a medida é inconstitucional pelo fato de ter sido editada em plena vigência do regime militar. Isso porque, pelo mesmo raciocínio, teríamos de pôr abaixo, por exemplo, todas as escolas, hospitais e estradas construídas no período e todo arcabouço jurídico, inclusive leis como a do divórcio, como bem nos lembra o decano Alberto Dines.

A primeira premissa, que merece mais detalhadamente o nosso reparo, é a de que a atividade profissional do jornalista seria a do exercício da opinião, cujo direito, inerente a todo ser humano, estaria, portanto, impedido pela exigência de qualquer diploma. Assim, o jornalismo foi julgado pelo que não é. O jornalismo opinativo faz parte da fase embrionária da imprensa. Na atualidade, porém, o jornalista produz informações novas (conhecimento) acerca da realidade e faz a mediação das diversas opiniões sociais que disputam visibilidade na esfera pública. Por dever ético e eficácia técnica, ele não expressa a sua própria opinião nas notícias e reportagens que escreve.

Empresas selecionarão os profissionais

Trata-se de atividade profissional de caráter técnico-intelectual e remunerada, e não gozo de direito fundamental, o que torna a medida do STF, além de equivocada, ineficaz. Se o jornalista não expressa a sua opinião no trabalho profissional que realiza, de nada adianta dar aos cidadãos uma carteira profissional, agor a trocada por um simples contrato de trabalho, para garantir o seu direito de opinião.

A contradição é gritante. Se a atividade profissional passasse realmente a ser a do exercício da opinião, ou se vier a ser por sua influência, o Supremo teria, ou terá, caminhado no sentido inverso do anunciado, criando uma imensa legião de destituídos do direito de manifestação do pensamento pela mídia. Eliminando a necessidade não só de qualificação, mas também de registro e fiscalização por órgão de Estado (Ministério do Trabalho), o STF acabou com a proteção formal direta ao cidadão, transferindo o poder de regulação para as empresas do setor.

Se, a partir de agora, aqueles que estão diariamente dentro das redações expressam a sua opinião, e não sendo possível a todos os cidadãos exercerem esse direito nos espaços de mídia e, além disso, estando o Estado e as universidades alijadas do processo, cabe exclusivamente às empresas de comunicação determinar quem vai exercer esse direito e ainda ser remunerado por isso. Segundo o presidente do STF e relator do processo, ministro Gilmar Mendes, seria até ilegítimo não serem elas (as empresas) a estabelecerem um regime de regulação da atividade, por ele próprio definida como o exercício da livre-expressão da opinião.

Só os ministros do STF não souberam interpretar uma simples lei da Física e não perceberam que é impossível a todos os seres humanos se manifestarem diretamente pelos microfones das rádios e televisões ou pelos espaços dos jornais, revistas e sites jornalísticos na internet, apesar da maior interatividade permitida por estes. É por isso que há profissionais selecionados e contratados para a tarefa de mediação dessa comunicação pública. Antes, a seleção primeira desses profissionais era feita pelas universidades, segundo critérios públicos universais, embora, evidentemente, não para opinar. Agora, só as empresas fazem isso e, segundo o STF, são cidadãos que irão livremente se expressa r.

Todo locutor tem um interlocutor

E se fosse possível a todos falar, ao mesmo tempo, quem ouviria, como questiona o pensador francês Dominique Wolton? Para ele, há nas sociedades atuais um forte movimento narcisístico, tipicamente burguês, ao qual importa mais falar do que ouvir. Boa parte dos próprios movimentos populares está impregnada desse sentimento, embora tenhamos que considerar também a dificuldade, daí a necessidade concreta, que têm esses setores de se expressar na esfera pública. De todo modo, é válido também para estes a afirmação de Wolton de que ouvir é tão importante para o verdadeiro diálogo, a efetiva comunicação, quanto se expressar.

Também estamos, aqui, diante de uma interpretação reducionista, descontextualizada e positivista da Declaração Universal dos Direitos Humanos, absorvida ipsis litteris pela nossa Constituição Federal e pela tão citada Convenção Interamericana de Direitos Humanos. Não é lógico supor que o revo lucionário burguês da França setecentista entendeu, quando sequer havia rádio e televisão, que o direito inalienável do cidadão de manifestar o seu pensamento por qualquer meio estaria impedido se não o fizesse diretamente por aquele que, já no século 20, viria a ser chamado de comunicação de massa, com as devidas ressalvas que o conceito merece.

E aqui cabe um parêntese, absolutamente necessário para o contexto: é equivocado o argumento bastante frequente de que o jornalismo seria autoritário por causa de sua unidirecionalidade, que impediria a participação e o diálogo, a comunicação. Excluindo o desvio constituído pelas práticas deliberadamente autoritárias, é preciso salientar que o ideal de comunicação da comunicação jornalística nunca foi a comunicação direta, como ocorre na relação interpessoal. Nunca jornalista algum pensou estar num processo de comunicação direta, embora isso até ocorra em alguns formatos jornalísticos e nunca seja impedido de forma abso luta. O seu objetivo sempre foi o de fazer a sua mensagem chegar ao máximo de pessoas, daí a escolha por uma tecnologia de grande alcance e praticamente unidirecional.

Nem por isso o discurso jornalístico é unilateral, autoritário ou bloqueia a comunicação. Em primeiro lugar porque todo locutor tem um interlocutor, ainda que imaginário, como nos ensina a teoria do discurso. E o jornalista, ao produzir seu discurso, dialoga com esse interlocutor, auxiliado ou não por alguma pesquisa de perfil do público.

Processo de retroalimentação

Em segundo lugar, o discurso jornalístico é polifônico por natureza. Não só porque todo discurso tem um mínimo de polifonia, mas porque, por força normativa, o jornalista prima especialmente por compor os seus discursos com e a partir de diversos outros. É um discurso interdiscursivo. Há um processo de comunicação entabulado já no próprio texto jornalístico, mais do que na média dos textos ou discursos. Há uma nítida sócio -referencialidade no discurso jornalístico.

Em terceiro lugar porque a mesma teoria nos ensina que o sentido último de qualquer discurso é dado pelo interlocutor que, ao construir sentido, dialoga com o locutor. E o sentido dado pelo interlocutor do jornalista (o público) pode ser a mera construção (diálogo) mental – a ação de sair ou não sair de casa (conforme a previsão do tempo informada), votar em candidato X ou Y (ou nem votar), debater o assunto em família, na escola, no trabalho ou em outros espaços – o que faz a informação ter consequências concretas e gerar comunicação na sociedade. O jornalismo é só mais uma prova de que a informação é um dos principais indutores de qualquer processo de diálogo ou comunicação, direta ou indireta.

Em quarto lugar porque chegamos a um momento, quase sempre negligenciado nas análises, em que a mensagem retorna efetivamente ao jornalista. É que, além da comunicação já gerada nas diversas formas acima mencionadas, inclusive no fato de alguns membros do público se dirigirem diretamente ao jornalista por cartas, telefonemas etc., as mensagens retornam ao jornalista por intermédio da esfera pública. Esta é, ao mesmo tempo, o objetivo e o ambiente de atuação do jornalismo. É nela que o jornalista vai buscar os elementos do seu discurso, elementos também construídos com a sua participação anterior, num processo contínuo de retroalimentação.

Seleção pública e formação

Podemos resumir o processo de troca entre jornalista e público, e o processo de comunicação social desencadeado pela atividade jornalística, com este raciocínio simples e direto de Wolton: o público responde, só que de outra forma, em outro momento e em outro lugar. Para nós, isso se dá num grande movimento que começa na esfera íntima para terminar, em algum momento, na esfera pública e recomeçar novamente por ela. Reiniciar, em grande parte, pelo próprio jornalismo, na qualidade de mediador privilegiado dessa esfera.

Mas se o jornalista passou a ser aquele que meramente expressa a sua opinião, quem provê a sociedade de notícias e faz a intermediação das opiniões sociais? Destituindo essa função de qualquer requisito em termos de conhecimento, a decisão do STF criou séria restrição a outro direito humano fundamental, o de receber informações de qualidade, um direito-meio para o pleno exercício da cidadania e, portanto, de outros direitos, inclusive o de qualificar a sua opinião.

A segunda grande premissa equivocada do STF à qual nos referimos na abertura do artigo é confundir diploma com “restrição de acesso”. O critério para decidir se um diploma deve ser obrigatório não é, como disseram os ministros, a capacidade inequívoca, cristalina, para evitar erros e danos à sociedade. Só isso justificaria, no entender do STF, a intervenção do Estado no sentido de restringir o acesso à profissão, mediante a exigência de um diploma. Ocorre que nenhum diploma tem esse poder. Prova disso são os inúmeros erros médicos, jurídicos e de engenharia cotidianamente noticiados. Para nós, o critério mais adequado para determinar a exigência do diploma é a capacidade efetiva de um curso para qualificar serviços fundamentais para os indivíduos e para as sociedades, como é o jornalismo nas complexas sociedades contemporâneas.

Na verdade, o diploma universitário democratiza o acesso à profissão, na medida em que este se dá não pelo poder discricionário do dono de mídia, mas via instituição de ensino, que tem natureza pública e cujo ingresso, por sua vez, se dá mediante seleção pública (vestibular) entre todos os pretendentes à profissão. Pelo menos era assim também no jornalismo até o fatídico 17 de junho de 2009. Se há problemas com a água do banho, não podemos jogar fora também o bebê (o espírito da seleção pública e democrática e a própria formação).

Diretrizes curriculares

O resultado é que, junto com a revogação total da Lei de Imprensa, di as antes, o fim do diploma deu poder absoluto aos empresários do setor sobre a imprensa no Brasil. Nada mais avesso aos anseios dos cidadãos brasileiros, que se preparam para discutir, na Conferência Nacional de Comunicação, como limitar o poder dos donos de mídia.

Com isso, o Brasil retrocede em três sentidos: o jornalista, entregue ao domínio do empregador, deixou de ser, para meramente estar (jornalista), a depender da situação conjuntural de possuir um contrato de trabalho; o cidadão está formalmente desamparado, sobretudo, no seu direito fundamental de receber informações de qualidade; e a sociedade se vê destituída do poder regulador que exerce nas democracias por intermédio do Estado.

Mas o duro golpe recebido com tamanha desqualificação da atividade (indigesta até para as empresas de comunicação) não deve desestimular ninguém. Uma das formas de luta, agora, passa a ser a própria Conferência Nacional de Comunicação, em que a importância e a s ingularidade do jornalismo como forma de conhecimento e de mediação social tem de ser demonstrada. Afinal, alguém imagina as complexas relações sociais atuais sem o jornalismo? Esse é um debate da sociedade e não só de quem sobrevive da atividade.

É o momento, também, para assumirmos e defendermos, sem culpa, a linha de afirmação dessa identidade e especificidade do jornalismo que até agora norteia, no âmbito do MEC, o debate nacional em torno das novas diretrizes curriculares para o ensino de Jornalismo.

Conhecimento novo da realidade

Só conseguiremos reverter as consequências negativas do 17 de junho se houver ainda mais investimento pessoal e coletivo de estudantes, profissionais, professores, pesquisadores e escolas de Jornalismo na própria formação e nessa consolidação também qualificada do campo do jornalismo, por intermédio de políticas, pesquisas e cursos de graduação, mestrado e doutorado inequivocamente estruturados sobre a natureza da ativ idade, a partir da qual se organiza a sua necessária relação com as demais áreas profissionais e do conhecimento.

É necessário continuar demonstrando que todos os seres humanos são comunicadores e podem expressar a sua opinião, na medida em que isso é inerente à condição humana. E que os jornalistas são os primeiros a valorizar e defender essa condição e esse direito, como confirma a história. Tanto isso é verdade que a própria lei defendida pelos jornalistas continha proteções claras e expressas à participação direta da sociedade nos espaços de opinião da mídia.

Contudo, a comunicação jornalística constitui um campo singular e mantém com a sociedade um contrato específico, que a legitima como instituição social e pelo qual é julgada e avaliada publicamente. Esse pacto gira em torno da prestação do serviço público de mediação do debate social e da produção cotidiana de um conhecimento novo (informação) a respeito da realidade. Trata-se de algo bastante distante d a simples expressão da opinião. E também não se confunde com ciência, arte, literatura, ficção, propaganda e entretenimento.

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O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, disse hoje (26) à Agência Brasil que é possível o Supremo Tribunal Federal (STF) rever a decisão sobre a dispensa de diploma de curso superior para a prática jornalística. Segundo ele, isso poderia ser feito de duas maneiras: por embargo de declaração ou por meio de uma ação embasada em novos fundamentos.

“O STF não considerou que há, na imprensa, espaço para os articulistas, e que a liberdade de expressão não estava tolhida da legislação brasileira, até porque 42% dos profissionais que produzem conteúdo não são jornalistas”, disse.

Britto argumenta que a “confusão” do STF sobre o que o seja a profissão de jornalista possibilita a utilização de um instrumento jurídico chamado embargo de declaração. “Esse tipo de instrumento pode ser utilizado quando são identificados pontos omissos, erros ou contradições durante o processo”, explica.

“No caso, o embargo de declaração estaria relacionado aos pontos omissos, porque não foi observado que os colaboradores já têm espaço previsto para a manifestação de pensamento. Ao analisar esse ponto omisso, o resultado do julgamento poderia ter sido outro”, disse o presidente da OAB.

Segundo Britto, há, ainda, a possibilidade de uma outra ação impetrada apresentar novos fundamentos que convençam os ministros a mudar de opinião. “A liberdade de expressão não é comprometida pelo diploma”, disse. “E não há exclusividade para os jornalistas no que se refere a manifestação do pensamento”, afirmou.

Da Agência Brasil

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Supremo julga jornalismo pelo que ele não é e atribui superpoder de regulação às empresas do setor.

Duas premissas equivocadas constituíram a base de argumentação do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo, do Ministério Público Federal e de oito ministros do STF para derrubar a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Com premissa errada, a conclusão só poderia repetir erro.

A primeira é a de que a atividade profissional do jornalista seria a do exercício da opinião, cujo direito estaria, portanto, impedido pela exigência de qualquer diploma. Assim, o jornalismo foi julgado pelo que não é.

O jornalismo opinativo faz parte da fase embrionária da imprensa. Na atualidade, porém, o jornalista produz informações novas (conhecimento) acerca da realidade e faz a mediação das diversas opiniões sociais que disputam visibilidade na esfera pública. Por dever ético e eficácia técnica, ele não expressa a sua própria opinião nas notícias e reportagens que escreve.

Trata-se de atividade profissional, remunerada, e não gozo de direito fundamental, o que torna a medida do STF, além de equivocada, ineficaz. Mas ela teve uma consequência ainda pior, caminhando no sentido contrário ao anunciado: eliminando a necessidade não só de qualificação, mas também de fiscalização e registro em órgão de Estado (Ministério do Trabalho), o Supremo acabou com qualquer proteção ao cidadão, transferindo o poder de regulação para as empresas do setor.

E se o jornalista passou a ser aquele que meramente expressa a sua opinião, quem provê a sociedade de notícias e faz a intermediação das opiniões sociais? Destituindo essa função de qualquer requisito em termos de conhecimento, a decisão do STF criou séria restrição a outro direito humano fundamental, o de receber informações de qualidade, um direito-meio para o pleno exercício da cidadania.

A segunda premissa equivocada é a de confundir diploma com “restrição de acesso”. O critério para decidir se um diploma deve ser obrigatório não é, como disseram os ministros, a capacidade inequívoca, cristalina, para evitar erros e danos à sociedade, porque nenhum diploma garante isso. Prova disso são os inúmeros erros médicos, jurídicos e de engenharia cotidianamente noticiados. Em vez disso, o critério mais adequado é a capacidade efetiva de um curso para qualificar serviços fundamentais para os indivíduos e para as sociedades, como é o jornalismo nas complexas sociedades contemporâneas.

Na verdade, o diploma universitário democratiza o acesso à profissão, na medida em que se dá não pelo poder discricionário do dono de mídia, mas via instituição de ensino, que tem natureza pública e cujo acesso, por sua vez, se dá mediante seleção pública (vestibular) entre todos os pretendentes a determinada profissão. Pelo menos era assim também no jornalismo até o fatídico 17 de junho de 2009. Se há problemas com a água do banho, não podemos jogar fora também o bebê (o espírito da seleção pública e democrática e a própria formação).

Ao contrário disso, e junto com a revogação total da Lei de Imprensa, dias antes, o fim do diploma deu poder absoluto aos empresários do setor sobre a imprensa no Brasil. Nada mais avesso aos anseios dos cidadãos brasileiros, que se preparam para discutir, na Conferência Nacional de Comunicação, como limitar o poder dos donos de mídia.

Com isso, o Brasil retrocede nos dois sentidos: o jornalista, entregue ao domínio do empregador, deixou de ser, para meramente estar (jornalista), a depender da situação conjuntural de possuir um contrato de trabalho, e o dono de mídia abocanha também um poder da sociedade, o de órgão regulador.

Mas o duro golpe recebido com tamanha desqualificação da atividade (até mesmo por envergonhadas empresas de comunicação) não deve nos levar a desistir. Uma das formas de luta, agora, passa a ser a própria Conferência Nacional de Comunicação, em que a importância e a singularidade do jornalismo como forma de conhecimento e de mediação social tem de ser por nós demonstrada. Afinal, alguém imagina as complexas relações sociais atuais sem o jornalismo? Esse é um debate da sociedade e não só de quem sobrevive da atividade.

É o momento, também, para assumirmos e defendermos, sem culpa, a linha de afirmação dessa identidade e especificidade do jornalismo que até agora norteia, no âmbito do MEC, o debate nacional em torno das novas diretrizes curriculares para o ensino de jornalismo.

Só conseguiremos reverter as consequências negativas do 17 de junho se houver ainda mais investimento pessoal e coletivo de estudantes, profissionais, professores, pesquisadores e escolas de jornalismo na própria formação e nessa afirmação também qualificada do campo do jornalismo, em cursos de graduação, mestrado e doutorado inequivocamente estruturados sobre a natureza da atividade, a partir da qual se organiza a sua necessária relação com as demais áreas profissionais e do conhecimento.

Precisamos continuar demonstrando para os ministros do Supremo, como já o fizemos diversas vezes, mas também para a sociedade, que todos os seres humanos são comunicadores e podem expressar a sua opinião, na medida em que isso é inerente à condição humana. E que os jornalistas são os primeiros a valorizar e defender essa condição e esse direito. A história confirma isso.

Contudo, a comunicação jornalística constitui um campo singular, e mantém com a sociedade um contrato específico, que gira em torno da prestação do serviço público de mediação do debate social e da produção cotidiana de um conhecimento novo (informação) a respeito da realidade. Trata-se de algo bastante distante da simples expressão da opinião e que também não se confunde com ficção, publicidade e entretenimento.

Brasília-DF, 23 de junho de 2009

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A Coordenação do Curso de Jornalismo da Unifor tem recebido mensagens de solidariedade, como o enviado pela prof. Marta Barros, Gerente do NAMI.

Prezado Professor,
Me solidarizo com você face a indignação com esta medida tão ridícula e insensata sobre a extinção do diploma para o  jornalista. Neste país existem tantas causas abandonadas e precisando de apoio do STF (drogas, crimes hediondos, violencia contra idosos, mulheres, segurança pública. pedofilia e tantos outros), e eles vem ficar decidindo sobre uma carreira tão brilhante e importante com tanto menosprezo e desconsideração.
Fique certo que como profissional, sou administradora de empresas, estou decepcionada e consternada. Sou gerente do NAMI e de vez em quando recebo seus alunos para realizarem trabalhos acadêmicos conosco. São extremamente motivados, entusiasmados e apaixonados pelo jornalismo. Penso neles desde o dia em que tive conhecimento desta notícia pela primeira vez na mídia. Penso nas famílias e nos pais que como eu, tem seus filhos na Universidade e sonham com a realização profissional e que muitas vezes, caso da universidade particular, fazem enormes sacrificios para pagar as mensalidades visando garantir o aprendizado e a consecução dos objetivos destes.
Aos mestres do curso e demais profissionais da categoria, imagino a decepção e quem sabe, até a revolta por tamanha insensatez e falta de reconhecimento profissional.
Mais como você afirma: estão em luta e com certeza deverá aparecer alguém digno e honrado para desfazer esse tremando equívoco.
Tudo vai dar certo.
Um abraço,
Marta Barros

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Colegas,

Tenho recebido muitas indagações sobre o futuro curso de Jornalismo, após a decisão do STF sobre não obrigatoriedade de qualquer formação para que se possa atuar como jornalista no Brasil. Vou aqui traçar algumas considerações, em caráter estritamente pessoal, uma vez que ainda não pudemos reunir nossos professores para discutir o assunto.
Considero a decisão do STF totalmente equivocada, pois o que se criou foi um vácuo total no entendimento sobre o que é o jornalismo e sobre quais as condições mínimas para que se garanta à sociedade uma informação de qualidade. Acredito que, mesmo aqueles que consideravam a exigência do diploma uma reserva de mercado, corporativismo etc, entendem que a atividade jornalística carece de uma formação superior mínima, e que fazer jornalismo não seja um receita de bolo que qualquer um com boa mão consiga. Sabemos que é mais que isso.
Considero também que o momento deve ser de calma. Acredito que a situação vá se resolver, pois tal absurdo não deve propsterar, e a sociedade deve agir contra isso. Instituições como ABI, OAB,  Universidades pelo Brasil afora têm protestado contra o equivocado entendimento do STF.
Não acredito em debandada de alunos, ou no fim do curso, como tenho sido questionado. O curso continuará oferecendo um ensino de qualidade e uma formação sólida para aqueles que realmente querem ser jornalistas, com capacidade técnica e discernimento sobre o papel do Jornalismo na sociedade. É deste tipo de profissional que o mercado vai continuar precisando, e não de diletantes, que colocam a qualidade jornalística em risco. Temos sim que manter o curso atualizado sobre os rumos da comunicação social, do jornalismo, sobre os impactos das novas tecnologias, e como um espaço de reflexão sobre estes e muitos outros temas atinentes à profissão.
Não estamos de luto, estamos de luta.

Eduardo Freire
Coordenador do Curso de Jornalismo da Unifor

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O primeiro semestre deste ano foi marcado por vitórias para o curso de Jornalismo da Unifor. Dois estudantes conquistaram o prêmio Gandhi de Comunicação, da Agência da Boa Notícia, e o concurso Adisia Sá, do jornal O Estado.
O Prêmio Gandhi de Comunicação teve sua segunda edição no mês de maio e um dos premiados foi Leal Mota Filho, jornalista graduado no ano passado pela Unifor, que agora reside em São Paulo a trabalho. O concurso tem como objetivo estimular o fortalecimento de uma cultura de paz, em parceria com os profissionais de todas as áreas da Comunicação Social. O prêmio contempla produções em Publicidade e Propaganda, Jornalismo impresso, Rádio e Telejornalismo, além de trabalhos realizados por Estudantes de Publicidade e Propaganda e de Jornalismo, categoria em que Leal Filho saiu vitorioso pela reportagem Circo Escola Bom Jardim, exibida pela TV Unifor em julho de 2008 (confira o vídeo no final da matéria).

Leal conta que buscou projetos que trabalhassem com a socialização por meio da arte, e só depois de um mês de apuração, escolheu o projeto do Circo Escola do Bairro Bom Jardim. Seu propósito era mostrar que um dos bairros mais violentos de Fortaleza, localizado na periferia da cidade, também podia ganhar um novo olhar. “A experiência foi muito boa, porque encarei como um desafio mostrar iniciativas realizadas com crianças e adolescentes, em um local tido como um dos mais perigosos na quarta maior capital do país. Foi um trabalho instigante e motivador e o que recebi do Prêmio Gandhi de Comunicação acabou sendo uma conseqüência do trabalho em equipe”, afirma.

Luana Maria Lima, formanda em Jornalismo na Unifor, teve segunda colocação no I Concurso Cultural Adísia Sá de Jornalismo, promovido pelo jornal O Estado, para incentivar o desenvolvimento do talento dos estudantes das faculdades de Jornalismo de Fortaleza. A estudante concorreu falando com a matéria “O drama das internas do presídio feminino com filhos em abrigos públicos“.

Luana recebendo prêmio em soleninade na Assembléia / foto: Paulo Rocha

Luana recebendo prêmio em soleninade na Assembléia / foto: Paulo Rocha


Prestes a concluir o curso, Luana classificou sua vitória como um incentivo para o início da carreira profissional. Hoje, ela é estagiária da equipe de comunicação da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), e diz que escolheu o tema por proximidade com o assunto. “Queria que fosse um tema que mexesse com o emocional, que sensibilizasse as pessoas. Louvo a iniciativa do jornal O Estado em estar promovendo um concurso como esse, voltado para estudantes de jornalismo. Isso serve de incentivo para estarmos produzindo e poder contar através de nossas reportagens o que estamos aprendendo”, pontuou.

Ao longo deste ano, estudantes de Jornalismo ainda poderão concorrer a prêmios por suas produções universitárias. Tem o Concurso Nacional de Jornalismo Universitário CNN, para reportagens telejornalísticas, cujo tema de 2009 é : O uso da tecnologia no desenvolvimento social, com inscrições abertas até 29 de junho. E o Prêmio CBN, para matérias de rádio que abordem meio ambiente, diversidade cultural ou  inclusão social. Inscrições até 30 de junho. E mais! A Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) contempla universitários concludentes com bolsas para auxiliar no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Serão selecionados, em todo o Brasil, sete trabalhos que tenham como temas Criança, Consumo e Mídia, Educomunicação e Consumo ou Representações da Infância na Mídia. Inscreva seu projeto de monografia até 15 de julho. Confira os editais nos links anteriores e fique atento, não perca oportunidades como essas!!!

Reportagem vencedora do prêmio Gandhi:

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notas coordenadas

O Notas Coodernadas já está disponível para baixar aqui no blog, no formato PDF. Com muita ansiedade, anunciamos a ida de alguns alunos do curso de Comunicação da Unifor para  Intercom Nacional, sediada em Curitiba este ano. Eles ganharam a etapa regional da Expocom, e vão representar o Nordeste por lá, em setembro. Além deles, os demais estudantes de Comunicação ainda podem apresentar trabalhos teóricos na Intercom Junior, confira aqui a página da inscrição da Intercom. Leia também algumas opiniões sobre o diploma do jornalismo, tema bastante conhecido mas que ainda levanta muita discussão e dúvidas entre alunos e professores. Falando nisso, o professor Eduardo Freire esclarece um novo assunto que ronda pelos cursos de jornalismo no Brasil: as novas diretrizes curriculares.

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Do blog da AD2M

A união entre a experiência de quem produz, edita e apresenta com os conhecimentos de quem sabe como se deve falar. É uma boa definição para o inédito curso de “Apresentador e Repórter com ênfase em Voz e Interpretação”, que começa neste sábado dia 13. Quem está à frente são as nossas colegas jornalistas Roxana Varela (correpondente no CE do Jornalistas&Cia) e Juliana Castanha (editora-chefe e apresentadora da TV Jangadeiro), com a fonoaudióloga Adriana Oliveira.

As aulas vão até o dia 12 de setembro, sempre aos sábado, e será realizadas na HD Vídeo, produtora parceira da AD2M em diversos projetos, como o media training de preparo de fontes e a produção de vídeos institucionais.

É prato cheio para quem gosta de TV e pretende se especializar na área. Informações pelos fones (85) 3267-1953 e 8898-1388, ou pelo e-mail varela.roxana@rendah.com.br

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da Folha de S.Paulo – 09/06/200909h59

A Folha deu início em maio a um concurso para incentivar pesquisas sobre a história do jornalismo brasileiro. Chamado de Folha Memória, o programa selecionará três projetos de pesquisa e premiará seus autores com uma bolsa de R$ 2.300 mensais –mediante reembolso de despesas.

Nos seis meses em que receberão essa ajuda de custo, os candidatos selecionados deverão conduzir sua pesquisa com rigor acadêmico e transformá-la em um texto de interesse geral e caráter jornalístico. Eles serão orientados por um jornalista da Folha.

O melhor dos três trabalhos será publicado em livro editado pela Publifolha, e seu autor ganhará um laptop.

No concurso, que tem patrocínio da Pfizer, a história do jornalismo deve ser entendida em sentido amplo –ou seja, podem ser investigados fenômenos de qualquer época do jornalismo do país.

Os projetos também não precisam se restringir ao estudo de nenhum meio jornalístico específico –podem ser estudados veículos impressos, on-line etc.

Poderá inscrever seu projeto quem estiver cursando ou tenha concluído graduação em qualquer universidade brasileira. Só será aceita a inscrição de um projeto por pessoa e as pesquisas devem ser individuais.

Inscrição e seleção

A inscrição deve ser feita no site http://folhamemoria.folha.com.br/, até o dia 28 de junho. Ao se inscrever o candidato preenche uma ficha à qual anexará o projeto de pesquisa. No site está também regulamento detalhado do concurso.

A seleção passa por três fases. Na primeira, 30 projetos finalistas serão selecionados pela Folha e encaminhados para uma banca composta pela historiadora Isabel Lustosa, da Fundação Casa de Rui Barbosa, pela jornalista Renata Lo Prete, editora do Painel, e por Silvia Prevideli, consultora em Comunicação Corporativa da Pfizer. Essa banca escolherá os três contemplados com as bolsas, cujos nomes serão divulgados em 9 de agosto.

A partir do dia 10 de agosto, os três bolsistas devem começar a trabalhar na pesquisa, cujo resultado final deverá ser entregue seis meses mais tarde a uma outra banca.

Nessa etapa, os avaliadores serão Eleonora de Lucena, editora-executiva do jornal, Nicolau Sevcenko, professor de história da USP, e Cristiane Santos, gerente de Comunicação Corporativa da Pfizer. Eles vão escolher o trabalho vencedor, que será divulgado em 2010.

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Repassado por Plínio Bortoloti, do O Povo

Estão abertas as inscrições do 6º curso Novos Talentos para estudantes de jornalismo, promoção do Grupo de Comunicação O POVO e Fundação Demócrito Rocha (FDR), sob a organização da Universidade Corporativa O POVO (UniOPOVO).

O curso Novos Talentos para estudantes de jornalismo iniciou-se no ano de 2007 e tem como objetivo oferecer treinamento sobre aspectos práticos e teóricos da profissão, de modo a preparar novos profissionais para atuarem nos meios impresso e eletrônico Podem participar estudantes de Jornalismo que estiverem cursando o sexto, sétimo ou oitavo período no segundo semestre deste ano.

Para se inscrever, os interessados dever preencher ficha de inscrição no seguinte endereço na página do curso no portal O POVO Online. As inscrições seguem até o dia 03/8//2009. Por meio das fichas de inscrição, serão selecionados candidatos que farão a prova escrita de Português e Conhecimentos Gerais, no dia 7 de agosto.

A prova de Conhecimentos Gerais avaliará a familiaridade do candidato com assuntos políticos, econômicos e sociais da atualidade; o conteúdo da prova Português incluirá, gramática, redação, análise e interpretação de textos. Os mais bem colocados serão entrevistados pelo setor de Recursos Humanos, que selecionará 12 estudantes para assistir um ciclo de palestras com jornalistas do O POVO e profissionais convidados.

Depois de duas semanas de palestra, período que se iniciará em 24 de agosto, os estudantes passarão por nova entrevista. Nessa etapa, serão escolhidos oitos estudantes para participar do treinamento, que será concluído no dia 18 de dezembro. O curso constará de aulas práticas e teóricas.

Os estudantes terão ainda treinamento na Redação dos veículos do Grupo de Comunicação O POVO: jornal, rádio, TV e portal na internet. Nas editorias, os estudantes terão a oportunidade de acompanhar o trabalho dos repórteres, escrever textos, tarefas que serão orientadas diretamente pelos editores de cada núcleo, nas questões práticas e teóricas.

SERVIÇO: Curso Novos Talentos para estudantes de jornalismo Inscrições até o dia 3/8/2009 http://www3.opovo.com.br/novostalentos/curso6/

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