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Archive for setembro \26\-03:00 2008

Por Eugênio Bucci

Na quarta-feira da semana passada houve um ato público na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Está no site do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo: “Mais de duzentas pessoas, entre dirigentes sindicais, profissionais, professores e estudantes de jornalismo de todo o País, participaram hoje (17/9), em Brasília, de um ato público em defesa da formação específica em jornalismo e da regulamentação profissional da categoria.” Segundo a nota, a intenção dos manifestantes foi “sensibilizar os ministros (do Supremo Tribunal Federal) que devem julgar, ainda este ano, o recurso extraordinário (RE/511961), ação que questiona a constitucionalidade da legislação que regulamenta a profissão no Brasil”.

Embora a imprensa fale pouco do tema, é grande a expectativa em torno do julgamento. Trata-se de saber se a exigência do diploma de jornalista para os que trabalham na imprensa impõe ou não uma barreira ao direito de livre expressão, assegurado na Constituição. Por que só diplomados em Jornalismo podem ser empregados em jornais? Quanto a isso, o País espera a decisão do Supremo Tribunal Federal.

Mas o debate não fica só aí. Há outras frentes em que os destinos da profissão de jornalista estão em jogo. Citemos duas. No âmbito do Ministério do Trabalho, um grupo de trabalho pretende redigir um projeto para a regulamentação da atividade. A segunda frente está no Ministério da Educação.

Recentemente, o ministro Fernando Haddad lançou a idéia de constituir uma comissão para discutir as diretrizes da formação dos cursos de Jornalismo, identificando e delimitando com maior clareza os conhecimentos práticos e teóricos que precisam ser dominados pelos que concluem a graduação. A partir daí, o ministro espera abrir uma nova possibilidade para a formação de jornalistas, sem prejuízo dos cursos que já existem: “A comissão fará uma análise das perspectivas de graduados em outras áreas, mediante formação complementar, poderem fazer jus ao diploma” (Folha de S.Paulo, 17/9/2008).

Desde logo, fica bem claro que essa discussão não se confunde com a outra, sobre exigência – ou não – de diploma para que alguém seja empregado na área, o que é assunto para o Ministério do Trabalho. Ela cuida especificamente das diretrizes da formação. Sua pauta é educacional, não trabalhista. Seu objetivo é estudar a possibilidade de que gente como cientistas sociais ou economistas, por exemplo, possa, por meio de um curso mais breve, algo em torno de dois anos, habilitar-se a ter um emprego regular em veículos de informação. A iniciativa, como se vê, não ameaça nem reforça a exigência do diploma.

Ainda sobre exigência do diploma, é bom que se saiba que, na prática, ela ajudou a elevar o padrão da profissão no Brasil. Pesa contra ela, no entanto, o fato de ter sido imposta pela ditadura militar (o decreto-lei é de 1969) e, agora, surge com força essa alegação de que ela agride princípios constitucionais, dúvida que só pode ser dirimida pelo Supremo. De todo modo, não é aí, nessa formalidade abraçada por interesses corporativos, que se encontra o âmago do debate. O que deve falar mais alto, nessa matéria, não é a defesa sindical de uma categoria, mas o direito à informação, de que todo cidadão é titular. Essa é a pedra de toque. O que se deve buscar não é o conforto dos que hoje estão empregados, mas o melhor sistema para assegurar qualidade à mediação do debate público.

Por isso é que se pode afirmar: o ponto dramático repousa sobre a qualidade das faculdades. Onde elas são boas, seus formandos têm lugar no mercado. Mesmo em países que não dispõem de nenhuma obrigatoriedade de diploma, como os Estados Unidos, a Alemanha, a França e outros, nota-se a preferência dos empregadores por jovens que tenham cursado uma boa escola de Jornalismo. Aí, as faculdades adquiriram autoridade não em função de uma reserva de mercado, mas pela capacitação que são capazes de aportar aos estudantes. E no Brasil? O que seria das faculdades se elas não estivessem protegidas pela reserva de mercado? Elas sobreviveriam como estão? Ou seriam forçadas dramaticamente a se aperfeiçoar? Se seriam obrigadas a se aperfeiçoar, por que não cuidar disso desde já?

Que ninguém se iluda: boas faculdades são fundamentais. Elas não são dispensáveis, como alguns ainda tentam fazer crer. A presunção de que o jornalismo é um “ofício que se aprende na prática” é tão ingênua quanto despreparada. Contra isso se levantou, desde o final do século 19, Joseph Pulitzer. De magnata da mídia americana, ele se projetou como o principal inspirador do Curso de Jornalismo da Universidade de Colúmbia, que só começaria a funcionar em 1912, um ano após a sua morte. Contra o comodismo de seus contemporâneos, que viam na criação da escola uma perda de tempo, Pulitzer afirmava que era necessário transformar aquilo que não passava de um ofício numa profissão nobre. E acertou. Seu texto em defesa da escola de Colúmbia, lançado em 1904, resiste como um pequeno clássico (The School of Journalism, Seattle: Inkling Books, 2006). Deveria ser lido pelos adeptos da tese de que “jornalismo se aprende na prática”.

Qualquer um de nós, quando vai ao médico, ao advogado ou ao dentista, procura profissionais com bons currículos acadêmicos e científicos. Mas, quando se trata de servir informação ao público, imaginamos que um prático, sem formação, pode dar conta do recado. Não pode – ou não pode mais, a não ser excepcionalmente. A porta para o futuro, também nesse caso, está na qualificação dos profissionais. Com diploma ou sem diploma, é da qualificação que dependerá a consistência e a fecundidade do nosso debate público.

Publicado no Estadao.com.br, quinta-Feira, 25 de Setembro de 2008
Eugênio Bucci, jornalista, é professor da Escola de Comunicações e Artes e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados, da USP

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Cartuns

Um pouco de poesia visual. cartoonclassics1

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Os Correios selecionam estagiários de jornalismo e publicidade para trabalhar na Assessoria de Comunicação da empresa. Interessados devem enviar currículo e histórico escolar até o dia 29/09 para estagio.correios@gmail.com. Indicações suas serão bem-vindas.

Estudantes de publicidade precisam enviar também o portfólio, em arquivo de no máximo 2 MB, em PDF, pois trabalharão com criação/ direção de arte.  Se houver dificuldade no envio deste, o candidato deve entrar em contato com a Assessoria de Comunicação dos Correios para combinar o melhor meio de disponibilizar o material. A bolsa estágio é de R$ 343,00 e a carga horária é 20h semanais. Informações: 3255.7262.

Obrigado pela colaboração

Atenciosamente

Rodrigo França
Assessoria de Comunicação Correios/ CE

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Aconteceu nesta sexta, 19/09, o III Encontro de Pesquisas do TCC, no qual os estudantes de jornalismo que estão fazendo seus TCCs apresentaram seus trabalhos. A maioria já estava com o primeiro capítulo quase pronto e com o roteiro da pesquisa delineado. O Encontro reuniu as pesquisas em temas comuns o que propiciou uma troca de experiências, bibliografias e discussões sobre o rumo de cada trabalho. Além dos orientandos e orientadores, participaram alunos da disciplina de Teoria e Método de Pesquisa, bem como de outros daqueles que queriam tomar contato com este momento importante da formação destes futuros jornalistas. Os participantes que assinaram a lista de presença farão jus a um certificado equivalente a 3 horas/aula válido para Atividades Complementares.

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Saramago: o blogueiro

Saramago abriu os olhos para a blogosfera e tornou-se blogueiro. Bissexto, como ele mesmo promete, mas mesmo assim, não deixa de ser prazeroso saber que podemos contar com textos fresquinhos deste autor tão instigante. O nome do blog é Cadernos de Saramago. Confira.

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Já estão flanando na blogosfera os participantes do grupo de pesquisa Jornalismo e Literatura: fronteiras poéticas, da Unifor, coordenado pela professora Gabriela Reinaldo. A perambolagem se dá no blog Flanador que pretende ser o espaço de todos aqueles que tenham interesse em discutir e de se informar sobre a temática. Ou simplesmente flanar. Parabéns a gabi e ao grupo.

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Estágio Remunerado

Repassando mensagem enviada pela Cogerh…

Estamos divulgando o Processo Seletivo de Estagiário da Secretaria dos Recursos Hídricos, na qual disponibiliza 01 (uma) vaga para área de Comunicação Social, no período de 16 à 26/09/2008, em horário comercial, no endereço: Av. General Albuquerque Lima, s/n – Cambeba, Ed. SEDUC 1º andar. Para qualquer informação cantactar a Sra. Fátima Montezuma / Vanina – Tel: 31014030.

Cordialmente,
Maria de Fátima Sales Montezuma
Orientadora da CEADM

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A Comunicologia – Revista eletrônica do Mestrado em Comunicação da Universidade Católica de Brasília (UCB) visa discutir e problematizar as relações da Comunicação com o conhecimento científico, artístico e filosófico.
A próxima edição será voltada para o tema da CULTURA MEDIÁTICA.
Recebemos artigos, ensaios, resenhas, entrevistas e trabalhos artísticos para a galeria de imagens.
Para conhecer a revista, seu conselho editorial e as edições anteriores, acesse ao endereço:

http://www.ucb.br/comsocial/comunicologia

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O Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará (CEFET-CE) está selecionando dois estudantes de Jornalismo para estágio remunerado na Coordenadoria de Comunicação Social (CCS). Eles trabalharão quatro horas por dia, das 8 às 12 horas ou das 14 às 18 horas, durante os cinco dias da semana. Um estudante aprenderá as atribuições de assessoria de imprensa e o outro de redação para web. Os interessados devem mandar seus currículos para janine@cefetce.br ou evertonlima@cefetce.br, até o próximo dia 9 de setembro, ou entrar em contato pelo 3307.3626 ou 3307.3692.

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A imprensa nacional está (literalmente) numa fase “arranca-grampos”. Luis Nassif resolveu encarar a revista Veja em seu blog e denunciar o tipo de jornalismo que a revista de maior circulação nacional vem desenvolvendo nos últimos tempos. Nassif produziu um dossier detalhado de como a Veja mudou e deixou de lado alguns rigores jornalísticos, sobre como a revista promove “assassinatos de reputações” e as ligações perigosas com personagens controversos como Daniel Dantas.

O material é extenso e vale por muitas aulas de jornalismo investigativo e de ética jornalística. Escrito de forma didática, clara e direta, o texto é ancorado por links para sites, arquivos de áudio, vídeo e textos em PDF, que emprestam veracidade ao que é apresentado (diferentemente de muitas matérias de Veja).

O texto não é raivoso, mas põe a nu alguns expoentes da revista, como o atual diretor da revista, Eurípedes Alcântara, Macros Sabino (diretor adjunto), o colunista Diogo Mainardi e o blogueiro de VEja, Reinado Azevedo. Sobre Eurípedes, Nassif o apresenta como o responsável pela “maior barriga da imprensa brasileira na década: o caso do “boimate” – um trote de 1º de abril da revista New Science falando em cruzamento de boi com tomate na Universidade Hamburger, pelo Dr. McDonalds”, um momento bastante divertido (mas também preocupante) da reportagem.

Após a leitura, fica difícil não ler Veja com outros olhos. Não ficar procurando o que está escondido debaixo daquele emaranhado de adjetivos e insinuações, que há algum tempo se vê nos textos da revista.

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